Santa Edith Stein, mártire por amor
- bozumiiiiii
- 9 de ago. de 2024
- 5 min de leitura

Biografia
Edith Stein nasceu em 12 de outubro de 1891, em Breslau, então parte do Império Alemão (hoje Wrocław, Polônia), em uma família judia. Era a caçula de 11 filhos, embora alguns tenham falecido ainda jovens. Desde cedo, destacou-se por sua inteligência e curiosidade. Aos 14 anos, Edith já demonstrava uma natureza profundamente reflexiva e questionadora, e, por volta dessa idade, abandonou a fé judaica e se declarou ateia.
Ela ingressou na Universidade de Breslau em 1911, onde estudou filosofia, psicologia e história. Durante esse período, Edith foi influenciada pelo pensamento fenomenológico de Edmund Husserl, um dos filósofos mais importantes de sua época. Em 1913, ela seguiu Husserl para a Universidade de Göttingen, onde se tornou uma de suas alunas mais brilhantes e dedicadas.
No ambiente acadêmico, Edith Stein também foi influenciada por outros grandes pensadores de sua época, como Max Scheler. Ela estava particularmente interessada em questões de empatia, subjetividade e a natureza da experiência humana. A Primeira Guerra Mundial interrompeu seus estudos, e Edith serviu como enfermeira voluntária na linha de frente, experiência que aprofundou seu pensamento sobre o sofrimento humano.
Após a guerra, ela retomou seus estudos e completou sua tese de doutorado sob a orientação de Husserl em 1916, com o trabalho intitulado "O Problema da Empatia". Apesar de sua excelente formação e brilhantismo acadêmico, Edith enfrentou dificuldades em obter uma posição de professora universitária, em parte devido ao seu gênero e à sua ascendência judaica.
Foi nesse período, enquanto ainda se dedicava à filosofia e ao ensino, que Edith começou a se aproximar gradualmente do cristianismo. Ela ficou impressionada com o exemplo de cristãos que conheceu e com a leitura de textos espirituais, especialmente a autobiografia de Santa Teresa de Ávila, que teve um impacto profundo em sua vida. Essas influências culminaram em sua conversão ao catolicismo em 1922, marcando uma nova fase em sua vida espiritual e intelectual.
Conversão

Após sua conversão ao catolicismo em 1922, Edith Stein tomou o nome de Teresa Benedicta da Cruz. Sua decisão de se converter foi profundamente influenciada pela leitura da autobiografia de Santa Teresa de Ávila. Após sua conversão, ela foi batizada em 1º de janeiro de 1922 e, em seguida, crismada em 2 de fevereiro do mesmo ano.
Edith desejava ingressar imediatamente em um convento, mas foi aconselhada por seu confessor a continuar sua vida acadêmica por algum tempo. Ela passou a lecionar no Colégio das Dominicas em Speyer, onde permaneceu por oito anos, ensinando alemão e história, além de trabalhar como tradutora e escritora. Durante esse período, Edith também traduziu importantes obras filosóficas e teológicas para o alemão, incluindo as obras de Santo Tomás de Aquino.
Em 1932, Edith foi nomeada professora na Instituição Pedagógica de Münster, mas, com a ascensão do regime nazista em 1933 e a implementação das leis antissemitas, ela foi forçada a deixar sua posição devido à sua ascendência judaica. Diante dessa situação, Edith finalmente decidiu seguir seu desejo de vida religiosa.
Em 1933, Edith Stein entrou para o Carmelo de Colônia, onde adotou o nome de Teresa Benedicta da Cruz. No Carmelo, sua vida espiritual se aprofundou ainda mais, e ela continuou a escrever obras teológicas e filosóficas. Sua obra mais conhecida desse período é *A Ciência da Cruz*, na qual explora o significado do sofrimento e da redenção através da cruz de Cristo.
Com a intensificação da perseguição aos judeus na Alemanha, Edith e sua irmã Rosa, que também havia se convertido ao catolicismo e se juntado ao Carmelo, foram transferidas para o Carmelo de Echt, na Holanda, em 1938. No entanto, a ocupação nazista na Holanda em 1940 fez com que as duas fossem novamente ameaçadas.
Em 1942, em retaliação à declaração dos bispos católicos holandeses contra o racismo nazista, as autoridades alemãs prenderam judeus convertidos ao cristianismo. Edith Stein e sua irmã Rosa foram capturadas pela Gestapo em 2 de agosto de 1942 e deportadas para o campo de concentração de Auschwitz. Em 9 de agosto de 1942, ambas foram mortas nas câmaras de gás.
Edith Stein foi canonizada como Santa Teresa Benedicta da Cruz pelo Papa João Paulo II em 11 de outubro de 1998. Ela é lembrada como uma mártir e como uma das seis padroeiras da Europa, reconhecida por seu testemunho de fé, sua contribuição intelectual e sua coragem diante da perseguição.
Sobre suas obras

Edith Stein foi uma filósofa e teóloga prolífica, cujas obras refletem a profundidade de seu pensamento e sua busca pela verdade, tanto antes quanto depois de sua conversão ao catolicismo. Abaixo estão algumas de suas principais obras e um breve resumo de cada uma:
1. "O Problema da Empatia" (1917)
Esta obra foi a tese de doutorado de Edith Stein, escrita sob a orientação de Edmund Husserl. Ela examina o conceito de empatia como um ato de compreensão da experiência alheia. Stein propõe que a empatia é fundamental para a percepção da vida psíquica dos outros, sendo essencial para as relações humanas e para a compreensão da subjetividade. A obra é uma contribuição significativa à fenomenologia, explorando como podemos conhecer e entender os sentimentos e pensamentos de outra pessoa.
2. "Introdução à Filosofia" (1922)
Esta obra é uma coleção de palestras que Stein proferiu enquanto lecionava no Colégio das Dominicas em Speyer. Ela aborda questões fundamentais da filosofia, incluindo a natureza da verdade, do ser e da ciência. A obra reflete sua transição do pensamento fenomenológico para uma filosofia mais orientada pela metafísica tomista, já influenciada por sua conversão ao catolicismo.
3. "Ser Finito e Ser Eterno" (1936)
Esta obra é considerada uma das mais importantes de Edith Stein. Nela, ela tenta conciliar a fenomenologia de Husserl com a metafísica de Santo Tomás de Aquino. Stein explora a natureza do ser humano, distinguindo entre o ser finito (criatura) e o ser eterno (Deus). Ela investiga questões como a existência, a essência e a relação entre Deus e o homem, propondo que o ser humano encontra sua realização plena em Deus.
4. "A Ciência da Cruz" (1942)
Escrita pouco antes de sua morte, esta obra é uma meditação profunda sobre o significado da cruz e do sofrimento na vida cristã. Stein usa a teologia mística de São João da Cruz como base para explorar o caminho do sofrimento como um meio de união com Deus. A obra reflete sua própria aceitação do sofrimento em sua vida e oferece uma visão mística sobre a redenção e a salvação através da cruz.
5. "Mulher: Sua Missão Segundo a Natureza e a Graça" (1932)
Nesta obra, Edith Stein aborda o papel e a dignidade da mulher na sociedade e na Igreja. Ela examina as características naturais da mulher e como a graça cristã pode elevá-las para um ideal mais elevado de serviço e maternidade espiritual. A obra é uma reflexão sobre a mulher no cristianismo e a vocação da mulher na vida familiar, profissional e religiosa.
6. "Potência e Ato" (1931)
Esta obra é uma análise filosófica baseada na distinção aristotélica entre potência e ato, que também é central na metafísica de Tomás de Aquino. Stein explora como essas categorias podem ser aplicadas à compreensão da vida psíquica humana, da criação e da relação entre Deus e o mundo. A obra reflete seu esforço para integrar a fenomenologia com a filosofia tomista.
7. "O Castelo da Alma" (Tradução e Comentário, 1921)
Edith Stein traduziu e comentou a obra "O Castelo Interior", de Santa Teresa de Ávila, para o alemão. Além da tradução, ela escreveu comentários que refletem sua própria espiritualidade e compreensão mística, aprofundando a análise sobre as etapas da vida espiritual descritas por Santa Teresa.
Comentários